Lembranças perduráveis
Na
época em que aqui cheguei esse lugar era meio que desconhecido, pois nela não
havia gente que a tornasse importante. O pó vermelho espalhado por todo o chão,
quando vinha forte o vento à poeira subia e a cidade desaparecia dentro daquele
enorme furacão. O matagal parecia não ter fim, até o primeiro morador aqui
chegar. Com muita força e coragem o senhor Divino Luiz Costa juntamente com sua
esposa aqui chegou, logo a coisa andou. Dona Cândida de Freitas a esposa
guerreira um bar colocou, e de Forquilha o bar ela nomeou.
Depois
de um tempo, Divinópolis começou a ser um pouco mais movimentada e o bar de
Dona Cândida era o que mais vendia, até porque o bar era o único que aqui
existia. A cidade era tranquila, só ouvíamos o vento no mato soprar e aquele
leve som a zoar.
A
primeira escola era muito simples de pau a pique e palha de piaçava, a
professora que ali se dispôs a ministrar suas aulas, era uma das primeiras
moradora que se chama Petronilia Gomes Dias, que não se fazendo de desentendia,
aquelas crianças resolveu ajudar. Naquela humilde escolinha, não tinha espaço e
nem lugar para sentar, os alunos com suas belas ideias os banquinhos logo
trataram de fazer para no chão não se sentar, pois não tinha piso e naquela
areia vermelha iriam se sujar. Naquela época a criançada estudava e também
brincava. Jogavam bete brincadeira de
gente esperta, usavam um taco nas mãos para uma bolinha acertar e pontos marcar
e era necessário ficar atento, pois uma paulada nas pernas atoa não iria ficar.
Tinha também uma amarelinha, e a velha pula-corda das meninas; o Bom baquim, o
corre-corre lacutia e era com essas brincadeiras que a criançada se divertia.
Em
meio aquele areão um pouco deserto com escassez de água, quando
se ouvia barulhinhos nas palhas da casa e o cheirinho de terra molhada nem
pensava duas vezes, naquele alvoroço de menino o seu banho ia tomar e a
criançada reunida não queria mais parar, quanto mais engrossava os pingos, mais
se ouvia rajadas de gritos, não era medo, não era nada, e sim a alegria de um
povo que numa pequena cidade de areão com pouca chuva vivia.
A
cidade era nova o povo precisava de mais gente para poder ir além. No início
dessa pequena cidade, energia não tinha, era apenas a lamparina. A iluminação
do dia era o sol, da noite era a lua e as estrelas que até hoje brilham no céu
sem falhar. A lamparina não servia pra tanta coisa, até chegar o motor que
gerava energia para a cidade que por pouco tempo funcionou. Pena que o motor
não funcionava dia e noite e nem noite e dia, era determinado o tempo que o
motor desativaria.
Novos
tempos foram surgindo e aquele tempo sofrido foi ficando para trás. A energia
já não era mais problemas, pois para todos chegou e as fiações das casas o povo
montou e hoje só lembranças daquele tempo restou.
Cadeia
aqui não havia, aqueles que cometiam atrocidades eram presos por grossas
correntes em um pé de pequi, e lá mesmo passavam dias. Não adiantavam pelejar,
as correntes eram fortes, era melhor se contentar e suas penas pagarem.
Hoje
posso dizer que aqui tudo mudou, as escolas se modificaram, os banquinhos dos
meninos não eram mais tocos, a poeira desapareceu, o asfalto para a cidade o
primeiro prefeito concedeu, foi assim que Divinópolis cresceu.
Essas
histórias não estão nos livro e sim na memória de pessoas que a viveram.
Texto baseado na entrevista do Srº.
Valdir Lopes do Couto.
Aluno: Grabriel Lopes da Silva / Profª.
Maria Luiza C. Araújo Silva.
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