segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Texto: Olimpíada de Língua Portuguesa 2016 selecionado para a Fase Estadual

Lembranças perduráveis

            Na época em que aqui cheguei esse lugar era meio que desconhecido, pois nela não havia gente que a tornasse importante. O pó vermelho espalhado por todo o chão, quando vinha forte o vento à poeira subia e a cidade desaparecia dentro daquele enorme furacão. O matagal parecia não ter fim, até o primeiro morador aqui chegar. Com muita força e coragem o senhor Divino Luiz Costa juntamente com sua esposa aqui chegou, logo a coisa andou. Dona Cândida de Freitas a esposa guerreira um bar colocou, e de Forquilha o bar ela nomeou.
            Depois de um tempo, Divinópolis começou a ser um pouco mais movimentada e o bar de Dona Cândida era o que mais vendia, até porque o bar era o único que aqui existia. A cidade era tranquila, só ouvíamos o vento no mato soprar e aquele leve som a zoar.
            A primeira escola era muito simples de pau a pique e palha de piaçava, a professora que ali se dispôs a ministrar suas aulas, era uma das primeiras moradora que se chama Petronilia Gomes Dias, que não se fazendo de desentendia, aquelas crianças resolveu ajudar. Naquela humilde escolinha, não tinha espaço e nem lugar para sentar, os alunos com suas belas ideias os banquinhos logo trataram de fazer para no chão não se sentar, pois não tinha piso e naquela areia vermelha iriam se sujar. Naquela época a criançada estudava e também brincava.  Jogavam bete brincadeira de gente esperta, usavam um taco nas mãos para uma bolinha acertar e pontos marcar e era necessário ficar atento, pois uma paulada nas pernas atoa não iria ficar. Tinha também uma amarelinha, e a velha pula-corda das meninas; o Bom baquim, o corre-corre lacutia e era com essas brincadeiras que a criançada se divertia.
            Em meio aquele areão um pouco deserto com escassez de água, quando se ouvia barulhinhos nas palhas da casa e o cheirinho de terra molhada nem pensava duas vezes, naquele alvoroço de menino o seu banho ia tomar e a criançada reunida não queria mais parar, quanto mais engrossava os pingos, mais se ouvia rajadas de gritos, não era medo, não era nada, e sim a alegria de um povo que numa pequena cidade de areão com pouca chuva vivia.
            A cidade era nova o povo precisava de mais gente para poder ir além. No início dessa pequena cidade, energia não tinha, era apenas a lamparina. A iluminação do dia era o sol, da noite era a lua e as estrelas que até hoje brilham no céu sem falhar. A lamparina não servia pra tanta coisa, até chegar o motor que gerava energia para a cidade que por pouco tempo funcionou. Pena que o motor não funcionava dia e noite e nem noite e dia, era determinado o tempo que o motor desativaria.
            Novos tempos foram surgindo e aquele tempo sofrido foi ficando para trás. A energia já não era mais problemas, pois para todos chegou e as fiações das casas o povo montou e hoje só lembranças daquele tempo restou.
            Cadeia aqui não havia, aqueles que cometiam atrocidades eram presos por grossas correntes em um pé de pequi, e lá mesmo passavam dias. Não adiantavam pelejar, as correntes eram fortes, era melhor se contentar e suas penas pagarem.
            Hoje posso dizer que aqui tudo mudou, as escolas se modificaram, os banquinhos dos meninos não eram mais tocos, a poeira desapareceu, o asfalto para a cidade o primeiro prefeito concedeu, foi assim que Divinópolis cresceu.
            Essas histórias não estão nos livro e sim na memória de pessoas que a viveram.



Texto baseado na entrevista do Srº. Valdir Lopes do Couto.
Aluno: Grabriel Lopes da Silva / Profª. Maria Luiza C. Araújo Silva. 



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